E as provas? Apresente, Newton!

Se tem, o ex-prefeito Newton Lima deve apresentar imediatamente as provas que incriminam representantes da Câmara de Ilhéus de lhe cobrar propina para votar suas contas. Por que, se não o fizer, também estará na lista dos que chantageiam, dos que têm provas em mãos mas resiste em entregá-las para ver minar o equilíbrio dos seus desafetos em detrimento ao que espera cada cidadão de bem de Ilhéus.

Bem dizer também, que somente de posse da prova material, a Câmara, a Polícia e a Justiça poderão agir. Caso contrário, tudo não passa de uma denúncia vazia, sem elementos concretos e incriminatórios que levarão o ex-prefeito a pagar um preço que vai muito além do que a sua reprovação de contas.

Nas últimas horas, já ouvimos de tudo. Inclusive, de quem disse ter visto um vídeo gravado na residência do ex-prefeito, onde, segundo a fonte, "não se caracteriza tanto assim o crime". Seria o próprio Newton, com um vereador, mostrando um pedaço de papel onde suportamente havia a cifra a ser negociada. E Newton fala: "Cinquenta?". Se verdadeira a versão, caracteriza mesmo o crime? Há elementos suficientes na gravação para dizer que houve uma tentativa de suborno?

Por enquanto, de fato, há o absurdo de um vereador, presidente da Comissão de Finanças da Câmara, responsável em emitir um parecer sobre um ex-prefeito, lhe visitar em sua residência, poucos dias antes da votação. Inocência? Despreparado? Certeza de impunidade? Tudo isso junto?

Não temos dúvida: cada passo, cada gesto de Newton Lima na derradeira sessão de roupa suja tiveram o objetivo de dar musculatura a uma futura peça jurídica a favor do ex-prefeito que, apesar de ver suas contas rejeitadas, vai agir nos tribunais para tentar mostrar que os que lhe impuseram uma punição administrativa estão até o pescoço sem condições morais de julgá-lo.

Resta apenas saber o que há de verdade no que foi confessado diante do cada dia mais desacreditado plenário do Legislativo.

Isso, só as provas contudentes das denúncias feitas terão condições de dar uma resposta ao povo de Ilhéus que assiste incrédulo a esta cena de horror.